Mais uma vez a Igreja Católica se coloca no debate diante de um tema atual e de grande relevância para sociedade brasileira durante a Campanha da Fraternidade (CF), em sua 46ª edição. E, mais uma vez, ela não está sozinha. Assim como ocorreu em 2000 e 2005, ela será organizada pelo Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic) – entidade que congrega além da Igreja Católica Romana, a Igreja Luterana, Presbiteriana, Anglicana e Católica Ortodoxa.
Este ano, a Campanha da Fraternidade, por inspiração da crise global que assolou o mundo no final de 2008 e 2009, versará sobre a economia. Com o Tema "Economia e Vida" e o lema “Vocês não podem servir a Deus e ao Dinheiro” – (MT 6, 24), a CF 2010 quer alertar o povo que a riqueza está se tornando um valor supremo, em nome do qual todos os outros valores acabam sendo sacrificados. Além disso, como ressalta o texto-base, precisamos repensar o modelo econômico vigente.
O tema foi escolhido pela comissão, que entendeu que há uma grande massa da população na miséria e que é necessário incluir no discurso e na prática da economia não somente o serviço aos seres humanos, mas também a conservação do planeta Terra.
Pergunta-se: como a fé cristã pode inspirar uma economia que seja dirigida para a satisfação das necessidades humanas e para a construção do bem comum? De que maneira eu contribuo para o bem viver na minha casa, no bairro, na cidade e em outros espaços onde estou presente?
Como desafio, pretende-se apontar caminhos que estabeleçam uma nova relação com os bens materiais, modificando a lógica do mercado neoliberal. Entre as ações propostas estão a luta em favor da tributação justa e progressiva, a auditoria da dívida pública, a adoção de políticas econômicas de distribuição de renda e o direito à alimentação.
Outra ação de destaque é a promoção de experiências sustentáveis bem-sucedidas que não agridam o meio ambiente, como por exemplo, a prática da economia solidária. Como afirmou o arcebispo metropolitano de São Paulo, Dom Odilo Scherer:
"Podemos promover formas de economia que visem, por exemplo, integrar grupos que estão socialmente marginalizados, o comércio eco-solidário, a economia de comunhão. Existem muitas formas de se promover uma economia menos individualista e mais solidária".
Além do texto-base da campanha, o Conic elaborou um subsídio tratando da economia solidária, intitulado de Economia solidária: uma nova economia é possível, orientando os interessados a estruturar e a manter empreendimentos econômicos associativos.
Nesse cenário/panorama, a economia solidária se coloca como uma experiência positiva e muito difusa de que outra economia está sendo construída, mostrando a nós uma nova maneira de produzir, comercializar e consumir os bens produzidos, através do trabalho coletivo, de cooperativas, da autogestão.
Economia solidária é também um jeito de estar no mundo e de consumir produtos locais, saudáveis, que não afetam o meio ambiente e que não beneficiam apenas as grandes empresas, fazendo circular o dinheiro.
É uma proposta que não fecha aqui. Ela vai além. Entende-se que, por meio da solidariedade, é possível a inclusão de todos e todas nos benefícios do desenvolvimento. É o direito a cidadania. É o direito à democratização e ao acesso aos meios de produção de bens e serviços como os bens naturais.
Vila Velha deu importante passo. Em nossa atuação, em 2009, propomos a lei que institui a Política Municipal de Fomento à Economia Popular Solidária no município. Mobilizamos os demais companheiros da Câmara apresentando o projeto de lei com assinatura coletiva.
Este projeto de lei contou com visitas e consultas às lideranças e organizações municipais atuantes na área de economia solidária (MOVIVE, Banco Terra, Banco Verde Vida).
A aprovação deste Projeto de Lei criará o Conselho Municipal de Economia Solidária, bem como o Fundo Municipal de Economia Solidária, estruturas estas que oferecerão subsídios para o fomento desta nova relação econômico-social.
segunda-feira, 8 de março de 2010
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