quarta-feira, 15 de julho de 2009

João, o novo líder

Vejo muita gente parecendo indignada com a posição tomada pelo prefeito João Coser e alguns aliados do PT em declarar logo o apoio ao candidato do governador PH, Ricardo Ferraço. Na verdade o que esse pessoal queria era que João continuasse a fazer marola, prá ver se a pescaria melhorava.

O João, legitimamente, inteligentemente, maquiavelicamente, quis se colocar como aliado de primeira hora do governador, o que é interessante, pois o evidencia espetacularmente, como aliado inconteste do projeto que está em curso no estado.

Me lembro da campanha prá prefeito quando o candidato Luciano Resende, colocava-se como verdadeiro e único aliado, entre os candidatos, de PH. Infantilmente querendo enxotar a aproximação de João, referendando-se no argumento em que “ há muitos aliados de última hora”. Esses tais aliados nem seriam de tanta confiança assim. Querendo chamar prá si os olhares de aprovação do povo ao governador Paulinho. ( É assim que o pessoal do tempo do DCE chama carinhosamente o governador).

Mas acontece que a aliança de João com Paulinho está escancarada desde a campanha para o primeiro mandato da PMV, quando vimos literalmente a omissão, ou a má vontade, do governador em socorrer um Colnago desesperado que aparecia na TV arregaçando as mangas da camisa num gesto de afronta como se fosse partir prá pancadaria.

João quis dar um basta nesse tipo de argumento, colocando-se como uma autoridade que respeita a história e cumpre seus acordos. Colocou-se ombreado ao governador, fazendo-se inserir definitivamente num projeto coletivo e plural da gestão estadual.

Do ponto de vista do crescimento e desenvolvimento econômico, vivemos nesse momento uma situação de céu de brigadeiro ou mar de almirante. Claro que há um elenco enorme de críticas que podemos traçar a esse governo, mas é inegável que politicamente foi eleito com o apoio do PT, que desde quando esteve na presidência da ALES, tem caminhado junto com PH. E o presidente LULA, desde os primeiros dias abençoa o governo e PH.

Porque então João ia fazer um enfrentamento se o projeto estadual inclusive pode viabilizar uma aliança para o projeto de governo implementado pelo PT culminando em maior tranqüilidade à campanha da companheira Dilma em nosso estado?

João foi sim mais ousado e mais esperto que outras correntes que gostariam de ter mais tempo para, à reboque dessa discussão viabilizarem seus próprios projetos pessoais. Se porventura seus parceiros não souberem cumprir com os acordos, golpeando-o pelas costas ainda assim João se credencia como grande liderança política, a altura de sempre ocupar o comando de funções públicas em qualquer nível. Municipal, estadual ou federal.

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Debater com a sociedade

O Plano Diretor Municipal de Vila Velha – Lei 4575/2007 – resultante de dois anos de análises técnicas e de convergência com os diversos setores sociais -, promoveu um acúmulo importante tanto nos problemas quanto nas metas dos espaços urbanos. Todo o processo quando concluído gerou um pacto entre os diversos atores da sociedade de Vila Velha, quanto à organização da cidade. Num momento posterior, ainda foi necessário um acompanhamento do debate com a Câmara de Vereadores, no intuito de preservar o resultado do processo, preservando a fidelidade à expressão do conjunto da sociedade nessa pactuação.

A atual administração propõe nesse momento alterações no PDM, com menos de dois anos de existência da Lei, sem que tenha havido alterações substanciais na cidade e na sociedade vilavelhense que justifiquem essa modificação, uma vez que o Plano Diretor, ainda com pouco tempo em vigor não possibilitou uma análise de seus desdobramentos na vida do município. A ação democrática do processo de modificação da Lei, é a grande inovação do jeito de se elaborar os PDMs no país. O que antes era realizado somente em gabinetes tecnocráticos, o Estatuto das Cidades colocou nas ruas como patrimônio público.

Em audiência realizada no Teatro Municipal em 16/06, os representantes do poder executivo municipal apresentaram as propostas de alterações, num evento com pouca representatividade. Não discordamos de medidas que visam ao desenvolvimento e crescimento da cidade, contanto que o resultado do progresso obtido seja revertido em qualidade de vida para a população, e que as alterações, quando se fizerem necessárias sejam amplamente debatidas com responsabilidade, ética e sustentabilidade.

Qualquer ação que altere as normas da convivência na cidade deve ser analisada a partir da construção do planejamento estratégico, tendo incluso o plano de mobilidade urbana, de manejo e conservação ambiental, de ocupação do solo e de destinação de resíduos, de geração de emprego e renda, de vocação econômica e de uma política social resolutiva e cidadã.

Há um sentimento de que as propostas apresentadas pela PMVV têem por objetivo tornar os empreendimentos da construção civil mais atrativos para o empresariado no município de Vila Velha, porém perduram muitas dúvidas sobre o impacto que isto causaria, uma vez que tais alterações aumentariam a possibilidade de área construída, sem a devida obrigatoriedade do Estudo do Impacto Urbano.

Novos empreendimentos certamente geram mais oportunidades. Mas também implicam em maior número de veículos nas ruas, mudanças no trânsito, aumento da especulação imobiliária, sobrecarga na rede de esgoto, dentre outros. Desde modo, o desenvolvimento deve ser buscado de modo responsável e com embasamento técnico à altura da ousadia do que se propõe. Desenvolvimento e crescimento sim, mas com respeito à qualidade de vida da população e às relações democráticas entre o poder público e a sociedade, exigência de uma sociedade moderna e plural.

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