sexta-feira, 6 de maio de 2011

Um novo PT no Estado

Após um período sem protagonizar um projeto político para o Estado, o Partido dos Trabalhadores ressurge do seu processo interno de planejamento estratégico, com oxigênio político para apresentar um novo diálogo para a sociedade capixaba. Porém, faz-se necessário trazer à memória uma revisão da história, e dela o saldo do aprendizado que traz o impulso para a nossa união, mobilização e reativação como protagonista de um novo projeto.

Desde 1995 com a eleição de Vitor Buaiz , e o expressivo resultado nas urnas com a eleição de seis deputados estaduais e um federal, a experiência deixou marcas profundas no partido. Um término de governo em pleno colapso financeiro e quatro meses de salários atrasados serviu de grande lição, ao mesmo tempo de alerta, para revermos caminhos, ações e amadurecer enquanto agente político.

Fica então o registro que faltou aos petistas solidariedade ao companheiro Vitor e compromisso em fazer o mea-culpa daquele fatídico desempenho governamental. A história fez-nos compreender as dificuldades enfrentadas pelo partido e o vácuo existente em seu papel político no cenário estadual.

Agora vivemos um momento novo, de 31 anos de caminhada partidária, com experiências de gestão e o aperfeiçoamento do "modo petista de governar" em todos os níveis. E com a habilidade de ter governado o Brasil durante oito com Lula, que construiu uma nova nação pautada no sucesso de movimentos políticos, econômicos e sociais, sintetizado em sua marca: "Brasil, um país de todos". Um governo forte e vitorioso que terminou sua gestão com 80% de aprovação e capaz de eleger sua sucessora, Dilma Rousseff, abarcada com uma ampla aliança e uma governabilidade estável.

O PT foi parceiro na reconstrução de um novo ES, durante os oito anos de Paulo Hartung, e um dos principais atores da continuidade desse projeto. Ajudou no processo de diálogo com a sociedade, mobilizando suas bases sociais, levando seus militantes às ruas, com a vitória maiúscula do seu aliado histórico, o PSB, elegendo Renato Casagrande governador, tendo o PT em sua vice.

Com este espírito o presidente Givaldo Vieira convocou a militância e os seus dirigentes, para, por meio de um amplo debate, construir seu Planejamento Estratégico, com o principal objetivo de fortalecer, organizar e instrumentalizar o PT do ES para as disputas eleitorais, vencendo nos municípios já administrados pelo partido e ampliando o número de prefeitos e vereadores em 2012.

É este partido, com a musculatura de quem no Estado governa seis municípios, sendo quatro de peso político, que compõe o governo federal, com uma ministra e uma senadora, que possui quatro deputados estaduais de representatividade política e um vice-governador, assume a retomada da iniciativa política ao apresentar a sociedade capixaba em 2011 seu Planejamento Estratégico.

Um novo desafio que convoca seus dirigentes, parlamentares e prefeitos para dialogar com a base e com os diretórios, preparando-se para conquistar novos espaços e novas lideranças. Um partido com reais possibilidades para ampliar seu capital político, ajudando o Estado a caminhar, lado a lado com o governo federal, superando suas dificuldades de infraestrutura. O resultado deste desempenho e esforço colocará o PT em iguais condições para disputa em 2014. Este é o PT do ES!


Marta Gagno Intra é membro da Executiva Estadual do PT

Texto publicado na coluna Opinião da edição de 06/05 do jornal A Gazeta

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Recuperar o tempo perdido

No início da nossa a militância política na década de 70, eu e minha geração aprendemos a ter consciência e orgulho da importância histórica e cultural de Vila Velha, como um dos mais antigos polos de formação da identidade cultural da civilização brasileira. Acho que essa consciência impulsionou gerações, antes e depois da minha, que legaram um intenso ativismo político de organização da sociedade civil que marca a nossa história. E que está expressa em vários momentos.

Na luta pela volta da democracia, com Vila Velha elegendo sucessivos candidatos de oposição à ditadura; na resistência à extinção da cidade, negando em plebiscito a "fusão" com Vitória, proposta pelo governador "indireto" da época; na efervescência das Comunidades Eclesiais de Base e da Teologia da Libertação fermentando os bairros de periferia; na luta pelos direitos civis, com a mobilização em movimentos sociais e comunitários pela transparência pública; pela discussão do orçamento; pelo combate à corrupção e pela melhoria de vida.

Movimentos que levaram a cidade a ser, em 1983, a primeira do Brasil a implantar um governo de participação popular, instituindo a pioneira assembleia de orçamento participativo, em 1985. Também foi a primeira a promover eleições diretas para diretor de escola e, em 1988, as eleições para diretor de unidade de saúde.

No âmbito partidário, onde se dava o combate contra a ditadura, Vila Velha indicou, em 1986, o candidato que venceria a segunda eleição direta para governador: Max Mauro do PMDB. O governador Paulo Hartung teve mais da metade dos votos para seu primeiro mandato político no berço canela-verde. E na última eleição presidencial, quando deu a vitória a Marina Silva, apoiando junto com outras importantes cidades do Brasil, a renovação política e a economia limpa.

Contudo, no plano do poder local e de liderança política e qualidade da gestão, a sensação que temos é que a cidade ficou para trás. Depois da vanguarda na ação política, social e administrativa, Vila Velha está ultrapassada por outras cidades da Grande Vitória e mesmo do interior, no que se refere à eficiência de sua máquina pública, à continuidade e excelência de suas políticas, à transparência na gestão dos recursos e da estrutura institucional.

Este processo impõe um dilema para nossas gerações democráticas e para os representantes políticos da cidade: como construir um novo modelo de ação política? Um modelo que abandone de vez as velhas práticas condenadas de clientelismo e fisiologismo que mancham nosso brilho histórico e pioneirismo político.

Assim, faz-se fundamental que a sociedade civil tenha a iniciativa política quanto à discussão de nosso futuro. Só a "batalha de ideias", nos movimentos comunitários, sindicais, de consumidores, de usuários, de intelectuais, de empresários comprometidos com a qualidade do ambiente, de moradores e cidadãos, pode gerar o ambiente e o impulso para o surgimento do novo na política canela-verde.

Aos partidos e seus líderes cabe participar ativamente dessa mobilização da sociedade, sem maniqueísmo e cooptação, respeitando sua independência e acreditando que desse processo pode nascer uma nova política que devolva a Vila Velha seu histórico protagonismo político e social.

João Batista Babá é vereador (PT) em Vila Velha